Mesmo sendo minha e só, assim, como dá pra ver,
não me parece, reparando, que meu corpo seja meu.
Aquela sensação estranha de ter sempre mãos, as suas, ainda quentes sobre a pele.
Essa metamorfose que o costume causa e a vontade afirma, a pele se adapta e mudam os usos e abusos, quando sim. As partes não são mais todo, são prática.
O que já foi cintura é pra segurar. Empurrar, apertar e puxar pra si.
E quando eu vi, já via outra coisa, também. Sua pele nem é pra ser pele, é pra se encostar em mim.
terça-feira, 19 de junho de 2012
terça-feira, 22 de maio de 2012
136.
Pouco importa se é coerência ou covardia que eu não queira nada contigo. As duas coisas, fato, cabem bem no mesmo espaço. Porque coragem, pra pessoa que eu sou, seria ser incoerente, jogar pro alto e achar que eu posso qualquer coisa, só porque sim. Não acho. Não quero. Todas as coisas a teu respeito são lindas e eu não as quero juntas num corpo que me toque, com tantas lacunas, tantos talvez. Tem muita coisa em aberto, muita coisa que já morreu e a gente finge que ainda existe e muita coisa que existe pra gente fingir que isso morreu, o suficiente pra tornar impossível que qualquer coisa seja, de fato. Eu não quero mais nada disso, eu não quero sua incapacidade de saber o que as coisas significam pra você. Eu às vezes não quero nem ver sua cara de quem não sabe de nada, mas tenta bastante.
Eu acho que dá... te ver por aí e não disfarçar nem morrer, tratar a tortura que de fato é com uma naturalidade que pode acabar por vir. E saber que a maioria das pessoas nem vai desconfiar, não importa quão óbvia seja a expressão no meu rosto, porque não é com isso que as pessoas se preocupam. E torcer pra que outro cara, eventualmente do meu lado, não perceba, também. Porque as pessoas têm o estranho costume de se sentirem ofendidas pelos sentimentos dos outros, pelas histórias dos outros, como se isso as diminuísse, será? Também não importa. De orgulho basta a ausência do meu.
As coisas vão importando menos à medida que todos os nomes que eu tenho pra isso não servem, todas as explicações em que eu penso não cabem e todos os sentimentos que vêm à tona não bastam.
Ignorar os próprios sentimentos é fácil. Não é coerente com a pessoa que eu quero ser, mas é fácil. Ver sentimentos que tomam autonomia e são e queimam e continuam sendo, intensamente e, mesmo assim, não bastam, dói. Nada basta, nada fica, nada morre, tudo dói.
Eu acho que dá... te ver por aí e não disfarçar nem morrer, tratar a tortura que de fato é com uma naturalidade que pode acabar por vir. E saber que a maioria das pessoas nem vai desconfiar, não importa quão óbvia seja a expressão no meu rosto, porque não é com isso que as pessoas se preocupam. E torcer pra que outro cara, eventualmente do meu lado, não perceba, também. Porque as pessoas têm o estranho costume de se sentirem ofendidas pelos sentimentos dos outros, pelas histórias dos outros, como se isso as diminuísse, será? Também não importa. De orgulho basta a ausência do meu.
As coisas vão importando menos à medida que todos os nomes que eu tenho pra isso não servem, todas as explicações em que eu penso não cabem e todos os sentimentos que vêm à tona não bastam.
Ignorar os próprios sentimentos é fácil. Não é coerente com a pessoa que eu quero ser, mas é fácil. Ver sentimentos que tomam autonomia e são e queimam e continuam sendo, intensamente e, mesmo assim, não bastam, dói. Nada basta, nada fica, nada morre, tudo dói.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
135.
Não me importam sua ausência e a vilania das coisas. Meu amor se enamora de verdades, a despeito de nãos.
terça-feira, 24 de abril de 2012
134.
Repudiar as correntes de uma moral herdada e má, com força, com nojo, aos quatro ventos, não liberta.
Eu já sei que a falta de sentido não redime a culpa, que ódio não é antídoto pra nada e que não existe ser humano livre de si mesmo.
Ainda assim e sempre, sem saber como, queria poder viver meu corpo, perder meu discernimento e ser, de fato, e poder amar, e que minha cabeça no travesseiro concordasse com minhas convicções: não há sujo, não há mal, não há erro em ser carne e fogo e lama e fumaça e pele e língua e olhos.
Eu já sei que a falta de sentido não redime a culpa, que ódio não é antídoto pra nada e que não existe ser humano livre de si mesmo.
Ainda assim e sempre, sem saber como, queria poder viver meu corpo, perder meu discernimento e ser, de fato, e poder amar, e que minha cabeça no travesseiro concordasse com minhas convicções: não há sujo, não há mal, não há erro em ser carne e fogo e lama e fumaça e pele e língua e olhos.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
133.
Isso caberia em qualquer um de vocês...
Não quero mais escrever. Eu já disse tudo que devia e só quero dizer mais por não ter dito quando deveria... não que fizesse diferença... eu não quero mais dizer. Eu não quero mais sentir. Agora eu só quero saber: eu posso matar?
Não quero mais escrever. Eu já disse tudo que devia e só quero dizer mais por não ter dito quando deveria... não que fizesse diferença... eu não quero mais dizer. Eu não quero mais sentir. Agora eu só quero saber: eu posso matar?
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
132.
Eu queria te pedir desculpas pelas coisas que você não sabe que eu faço contigo. Pela tortura velada e pelo prazer que eu sinto na culpa. Mas eu acabei por tomar como meu algum tanto do peso da maldade que me pintam na pele e, quando eu sei do mal que faço... parece que tudo fica no lugar certo, familiar como aquelas boas coisas que não mudam nunca, todas malditas.
Talvez seja o puro prazer da chacina, eu detestaria admitir.
No fim do dia... eu não sei se gosto mais do teu sofrer ou de quando você consegue ser mais forte que todos os meus venenos. E quando amanhece... nada é suficiente. Ninguém é.
Talvez seja o puro prazer da chacina, eu detestaria admitir.
No fim do dia... eu não sei se gosto mais do teu sofrer ou de quando você consegue ser mais forte que todos os meus venenos. E quando amanhece... nada é suficiente. Ninguém é.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
131.
Eu sei o que faço vocês fazerem de mim. Eu sei bem do que não faço e do que quero e quando e como.
Sempre. Eu sempre quero que seu querer me escape e acabe por violar meus caprichos nus.
Sempre. Eu sempre quero que seu querer me escape e acabe por violar meus caprichos nus.
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