quinta-feira, 24 de junho de 2010

92.

Quando você recupera capacidades que tinha perdido.
Não era a rotina quem tinha me tomado de mim, não eram os hábitos, eram meus horrores, eu, Mein Fürer.
Não doeu, não chorou, acordei.
Não como quem acorda de um pesadelo, acordei da minha soneca depois do almoço, e eu achei que não fazia isso.
Acordei e parei com o martírio calmo, com a farsa, com o capricho sem direção que só tinha uma causa.
Voltei a ter causa, deixei de contar só com a conseqüência de toda feiúra, voltei a ter prumo. E ele é mais livre que a minha ilusória falta de rédeas.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

91.

No meu mundo ideal ia ser assim: a gente pode se conhecer de vista e só, mas você poderia me ligar com total tranqüilidade, num dia em que estivesse pensando que uma conversa seria uma boa idéia. E vice-versa.
Ninguém mais acha um absurdo você ter que ser conhecido de alguém pra poder querer conhecê-lo(a)?
Se a gente pode querer o que quiser, devia poder querê-lo na prática, também.
Tá errado, eu acho. Não começar um assunto com naturalidade sem alguma situação que te faça parecer apropriado. Que diabos é apropriado? Apropriado é uma coisa que não existe.
Chatíssimos os eternos "Quanto tempo! Vamos sair e tomar um café um dia desses!" que nunca acontecem, por mais que sejam verdadeiros e mútuos!
Eu sou a favor de acessibilidade pessoal e repaginação da lista de prioridades, a despeito da rotina. A favor da tentativa dum de-pessoa-pra-pessoa.