terça-feira, 16 de março de 2021

146.

Aquele que anda com olhos nus e um coração em chamas descobre cedo que a única forma de querer-se vivo é recusar em si o pecado. Não o cometido, mas sua assunção.

Nunca permitir-se a noção de que sua vontade pura seja proibida, não deixar entrar o mal.

Ao invés disso, dançar com suas incoerências e aceitar o inexplicável como a mais profunda trama de si.

Convidar encantamentos viscerais em sua inocência, gozar o desespero de não ser, dançar com o diabo à meia-noite.

Viver pra saber morrer, morrer pra saber viver, adentrar os universos que aí cabem.

Aqueles que andam com corações nus e os olhos em chamas descobrem cedo como é doce, apesar de tudo.