sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

19.

O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma
pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!

Florbela Espanca

Um comentário:

Luiza disse...

A ausência precisava ser assim tanta? E ajudou? Me diz se você se achou menos vil e desprezível, menos incompleta e menos sofrida. É lógico que te compreendo, digo, que vejo nisso sentido, e é lógico que não te perdôo por essas suas pernas ágeis que você ensinou a correr, por que é que eu perdoaria? Deixe dessa dureza e veja um pouco mais que nem tudo tem mais razão por ter o negro das nossas podridões. Terão nossas podridões de uma forma ou de outra, e eu aqui tentando te mostrar a não necessidade do negro não esqueço que ele é sua opção e você o quer. Mas você o inflige a mim e agora por eu o dizer se acha mais vil e na dor disso se regozija, se fortifica naquilo que acha de si mesma e se esbalda na crueldade que crê possuir em larga medida. Por motivos que desconheço acha-se mais podre que todo o resto, sua egoísta, sua cômoda, você não conseguirá fugir do querer dos outros, da estima, das loucuras, do meu amor por sua pele e ossos, você já se perdeu. Também quero espancar-lhe com amor agora, e com força te jogar no chão para ver o movimento dos cabelos e espero que machuque. Quero socar-lhe por essa falsa necessidade que agora já é verdadeira de morrer para viver, de deteriorar-se, de rasgar-se. Não adianta que não se esquivará dos meus beijos em suas feridas, para prová-las, não abrandá-las, e do carinho dos meus olhos, como te odeio. Agora te dou um tapa com as costas das mãos e vejo sua boca se abrir em dor e ódio, em graça, ironia, desrespeito, loucura. Oras, porra, que merda você acha que sou? Que raios de boneca você acha proteger afundando(-se) em sua dor? Essa merda não é nenhuma capa protetora e, raios!, como quero jogar-lhe na parede com uma força que doa e extrair de si tudo aquilo que quero. Da sua boca devo conseguir tirar qualquer coisa que eu queira comer e enfiar-lhe meu ódio para que lhe preencham a garganta, os pulmões e todo o resto. Como quero machucá-la. Como quero seus olhos, como sinto sua falta. Suas mãos que parecem ser pequenas e não são, seus joelhos, suas sobrancelhas ágeis. Como sinto falta do que você é, como sofro lendo nas lixeiras contares perdidos dos seus dias e amostras do seu raciocínio. Como me rasgo nos encontros que você evitou e nas dores que injetou em mim e em si mesma. Como tenho medo de um seu casulo, um abrigo subterrâneo, uma rota de fuga dos meus dedos. Como quero seu encharque nos meus dias.

'vai se fuder' era o nome disso como post