domingo, 14 de dezembro de 2025

149.

 Você é onde os sentimentos fecundos, incoerentes, demasiadamente humanos vão pra morrer.

 Você é o sistema rígido da biblioteca das humanidades que te impede de sorrir.

 Você não relê os livros que não entende, mas faz crítica literária.

 Você é a espada afiada que define a validade das coisas.

 Das desculpas.

 Dos processos.

 Das palavras.

 Das visões.

 Do amor,  que não existe. 

 Sem você o ar é mais leve, mas eu queria ter morrido sufocada, sendo considerada o lixo que eu sempre me senti, não podendo me esquecer por um dia sequer de todas as minhas rachaduras, você não deixaria. Não é válido se não for assim. Não é certo se não tiver chicote. "Queria me ajudar a ver minhas falhas". Todos os caminhos resultavam em morte e eu acho que aceitei a sina.

 Isso eu sei fazer. Entregar devotamente o que era esperado de mim e me matar depois.

 Você segue subestimando a dor que eu sinto e o quanto se perdeu na dor que eu te causei. Você não me deixaria "ter tudo, como se nada tivesse acontecido", nunca conseguiríamos. Não sem punição suficiente que pagasse.

  "Tentar" concretizava sua nobreza enquanto me espezinhava.

 Quando é que eu pude ser eu e mesmo assim conseguir o prêmio máximo da sua validação?

 Quando você me amou como eu sou?

 Você só vai parar de subestimar a dor que eu sinto no ato da morte do meu coração.

 Você é onde os sentimentos fecundos, incoerentes e demasiadamente humanos vão pra morrer da vergonha que você os imputa.

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