quarta-feira, 26 de outubro de 2011

130.

É frio e metálico o gosto do que perco de propósito. Se mando embora de mim algo de vida é que restou um bocado daquela vontade de pegar o que quer que você veja de melhor em mim - um melhor puro, estanque e sem espaço pra pecado - e queimar, matar, jogar fora, sufocar e prender, torturar, desperdiçar. Desperdiçar.
É muito desaforo se achar tranqüilo na posição de quem diz que o outro não sabe o que faz de si.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

129.

Gosto das minhas cinzas voando janela afora e dos pedaços de papel que minhas mãos largam quando se cansam de segurar o peso do que escrevem. Minhas mãos precisam de freio pra corrigir essa autocondescendência que eu não suporto. Ficam sempre fugindo das conseqüências dos próprios atos e sobra pra minha boca que fala demais falar mais um pouco até estragar o que não podia mais ser estragado, maquiando minhas durezas com desculpas e manchando meu tempo com uma paciência fingida.
Treinei exposição forçada por desespero, não consigo mais me conter.